Uma questão estrutural e estruturante na reprodução geracional camponesa é o acesso à terra para continuidade do ciclo biológico. Nos assentamentos rurais do Brasil, o tamanho do lote e a indivisibilidade da terra não permitem acolher todos os filhos, provocando o êxodo rural. Para contornar esses obstáculos as famílias engendraram diferentes estratégias assegurando a permanência dos jovens no campo. Os estudos tratam da questão de sucessão camponesa são de realidades camponesas distintas das áreas de assentamentos rurais no Brasil. É nesta perspectiva que este trabalho está orientado. A pesquisa foi mediada pela História Oral, e analisa as estratégias de reprodução social, econômica e cultural de famílias camponesas no vale do Juari, Tocantins, as suas lutas e entraves à permanência no campo por três gerações. Foram entrevistadas três gerações que, por diferentes motivações, escolheram ficar no campo. 16 jovens entre 18 a 29 anos e 27 adultos. Nessa região, diferente de outros estudos sobre sucessão rural, os filhos e netos querem ficar no campo. São 27 assentamentos rurais implantados, efeito de intermitentes lutas pela reapropriação ou acesso à terra que subsistem há três décadas, engendrando entre as novas gerações, a perspectiva do campo como um projeto rendável. Porém, tal projeto está ameaçado com a implantação da política de titulação de terras do governo Michel Temer, intensificada do novo governo brasileiro, que na análise dos movimentos de luta pela terra, encaminha- se para a reconcentração das terras já descentralizadas nas lutas históricas do campesinato.