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Belo Horizonte, Brasília e Lisboa: observando processos de gentrificação
Rachel De Castro Almeida, Savio Guimarães y Patrícia Pereira.
XXXI Congreso de la Asociación Latinoamericana de Sociología. Asociación Latinoamericana de Sociología, Montevideo, 2017.

Resumen
Por todo o mundo as estratégias de gentrificação revelam assimetrias de poder e dominações de ordem econômica, social e cultural que reforçam ou reinventam os processos de produção de desigualdades socioespaciais. Espaços valorizados e concorridos do ponto de vista símbolo e material são reapropriados por um seleto grupo social, reforçando o potencial do espaço como locus simbólico e a territorialização de disputas sociais, econômicas e culturais, como já indicaram Ruth Glass e Neil Smith nos seus estudos sobre Londres e Nova York e, mais recentemente, Sharon Zukin nas abordagens sobre ruas comercias em Amsterdam. Iniciativas esparsas conduzidas pelo mercado para a reapropriação e revitalização de zonas centrais nas décadas de 1970 e 1980, nas grandes cidades norte-americanas e europeias, ganham consubstancialidade de política urbana nos anos 90, configuradas a partir das técnicas de planejamento estratégico, associadas ao marketing urbano. No Brasil, já há décadas anuncia-se a acentuação destas práticas, especialmente nos centros históricos das grandes cidades, sob o impulso de ações e iniciativas públicas, o capital privado se apropria dos dividendos, mantendo um processo histórico de produção e apropriação desigual do espaço e da infraestrutura urbana. Há nessas reconfigurações espaciais um alarde em torno da criação de uma espacialidade diferenciada. Vários estudos indicam que nessa dinâmica de enobrecimento os resultados remetem à produção de um espaço associado às práticas globais de consumo, alterações nos padrões de sociabilidade e homogeneização de paisagens comerciais e residenciais. As principais críticas dirigidas às estratégias de gentrificação sublinham seu caráter segregacionista e a destracionalização das práticas locais. Tendo em vista este pano de fundo, o principal objetivo deste ensaio é abordar três estudos: o Mercado Central de Belo Horizonte, as quadras residenciais e comerciais 412/413 da Asa Norte de Brasília e a Rua Poço dos Negros, em Lisboa. Estes espaços se caracterizam pelo fato de evidenciar historicamente múltiplas tendências e processos sociais, econômicos e culturais que se reelaboram continuamente, demonstrando as dinâmicas dialéticas – gentrificação e resistência - que conformam a vida urbana contemporânea. Assim, o presente ensaio é resultado de um trabalho etnográfico, efetuado por uma equipe de pesquisadoras, por meio de uma série de incursões ao local. O método etnográfico tem a vantagem de evitar aquela dicotomia que opõe o indivíduo e as megaestruturas urbanas, pois a perspectiva de análise «de perto e de dentro» é capaz de apreender os padrões de comportamento, múltiplos e heterogêneos, os grupos, as redes e os sistemas de troca. Por esta via, as análises deste trabalho recaíram predominantemente sobre as atuais atividades comerciais, o cotidiano vivenciado em seus espaços, seus principais usuários e suas trocas materiais e simbólicas.
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