Os espaços onde as interlocuções dos jovens acontecem são responsáveis pelas mais variadas formas de interação. A sociedade urbana exerce o papel de organizar todas as experiências humanas em uma rede empírica de ações que se efetivam em um espaço e tempo determinado. Assim, estabelece uma modalidade de interação entre indivíduos que além de manter o vínculo interacional desenvolve uma consciência de unidade entre as partes. Segundo Simmel, esta reciprocidade consciente entre os sujeitos se configura como sendo uma característica marcante do social. Pois, para o mesmo, “não há coisa ou evento que tenha um significado intrínseco ou fixo, mas que emerge apenas através da interação com outras coisas ou eventos” (SIMMEL apud FRÚGOLI, 2007:11). Ao lado das inúmeras formas de sociabilidade juvenil e do crime organizado na cidade de João Pessoa, surge um elemento novo na cultura de rua a partir do aparecimento do fenômeno das “galeras”. o presente projeto propõe compreender os campos de sentido que dinamizam as experiências de jovens integrantes da “Okaida” e dos “EUA” a fim de entender qual o lugar que a violência ocupa como campo propulsor de experiências nas suas vidas. Pretendemos delinear conteúdos culturais que estão na base de seu exercício e situar a violência dentro do sistema de relações sociais dos jovens. Não temos a intenção de investigar de onde e como se forma a violência praticada por esses sujeitos, mas nos propomos a entender quais os sentidos que os integrantes destas “galeras” atribuem a violência bem como compreender os valores e representações que fazem de si e do outro.