Este artigo é parte da pesquisa etnográfica realizada na comunidade negra de São Mateus, área rural do município de Anchieta no estado do Espírito Santo (ES). O trabalho tem por objetivo pesquisar o jongo, patrimônio cultural afro-brasileiro, que reúne na roda elementos mágico-poéticos relacionados aos batuques dos tambores, à dança, aos cantos e às crenças dos integrantes dos grupos, no âmbito das transformações do processo de modernização do município supracitado. A análise focalizará os processos de identificação e a memória da comunidade a partir de entrevistas com dois mestres de jongo que vivem no lugar e que são considerados como os principais guardiões da tradição e responsáveis pela transmissão de sua cultura para as novas gerações. Nessa comunidade o jongo possui ainda um caráter religioso relacionados à devoção de seus integrantes a São Benedito, que realizam procissões e ressignificam objetos e lugares. Ao mesmo tempo, ele é tomado pelos moradores como uma forma de interação interna e com atores sociais e políticos externos.