Com o processo de globalização as cidades ganharam proporções maiores aumentando o número das grandes metrópoles e intensificando a formação de periferias. Este espaço segregado do centro e destituído de infraestruturas urbanas adequadas carece de investimentos favorecendo o processo de gentrificação sobre a região segregada. Tal fato pode estar acontecendo com a colônia de pescadores do bairro de Itapoã – Vila Velha, ES, comunidade tradicional que habita a região a mais de cem anos. Devido aos grandes edifícios construídos na orla da praia e em volta da colônia, o espaço se valoriza e encarece, forçando os moradores da comunidade a se realocarem em outro local, pois a pesca não gera renda o suficiente para se manter em uma região onde o custo de vida se tornou alto. Mas muitos ainda insistem em permanecer morando na colônia de pesca e suas casas se contrastam com os edifícios de luxos construídos próximos a eles transformando-os em estranhos. Esta condição de estranho é retratada por Georg Simmel que traz o estranho como aquele que está fixo em um espaço e a sua posição neste espaço é determinada por não pertencer a ele de imediato. Dessa forma, não há uma distancia física, mas sim uma distancia nas relações, o que mostra que o próximo está afastado, e o estrangeiro ou o estranho seria, então, aquele que esta mais perto do distante. Assim, o objetivo da pesquisa é mostrar o quão estranho a colônia se tornou após a intensa urbanização que tomou conta do bairro.