Coworking é um termo que denomina espaços compartilhados de trabalho, que abrigam projetos de inovação, startups, iniciativas empreendedoras da “Nova Economia”. A Nova Economia é uma noção que abriga tantas outras, como: economia de plataforma, economia colaborativa, indústria criativa, movimento maker – todas elas, à sua maneira, estão baseadas no imaginário social atravessado pelas novas tecnologias e pela subjetividade delas derivada. Compreendemos esse cenário, presente em manuais de gestão, como uma construção discursiva da realidade, que corresponde a uma ideologia: a ideologia da sociedade neoliberal (Dardot; Laval, 2016), em que o empreendedor é projetado como modelo de cultura, como herói de nosso tempo (Boltanski; Chiapello, 2009). Propomos a análise crítica dos discursos em torno do coworking; temos como objetivo compreender como esses discursos produzem o sujeito neoliberal para esses espaços, ao mesmo tempo em que projetam um cenário econômico de futuro baseado na visão positiva da cultura empreendedora, das novas tecnologias e da criatividade. O que se oculta nesses discursos é o processo de flexibilização e precarização do trabalho, as marcas de classe e distinção da atividade empreendedora, bem como os sintomas da corrosão do cárater, como bem discute Richard Sennett. Temos como objeto os discursos que produzem significados para os espaços de coworking na cidade de São Paulo, Brasil, a partir do levantamento feito pela plataforma Coworking Brasil.