Este texto busca desvendar o papel Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (APAC) no interior do Estado integral, no sentido dado por Gramsci. A APAC é uma entidade da sociedade civil de direito privado, que tem como função estabelecer formas alternativas de administração das penas privativas de liberdade. Por este motivo, tem sido celebrada como exemplo de eficiência na ressocialização de presos, por seguir princípios humanistas e de respeito aos direitos humanos. Para realizar a investigação, analisamos documentos da agência, assim como de entidades a ela ligadas, usando para tanto o instrumento metodológico bakhtiniano do interdiscurso. Nossa investigação concluiu que, além de promover o que chamamos de uma hegemonia que nasce do cárcere, através da APAC, o Estado repassa recursos públicos para o grande capital, seja pela subvenção de salários de egressos para trabalharem nas empresas promotoras do modelo APAC e permissão de comercialização de produtos produzidos em unidades produtivas prisionais, seja pela preparação de força de trabalho qualificada e disciplinada para o mercado de trabalho formal.