O projeto busca analisar a participação de institutos e fundações empresariais na produção das categorias cognitivas que vêm informando as políticas educacionais e os debates públicos quanto ao ensino médio no Brasil a partir de 2008 - quando passa a ser discutido sua obrigatoriedade. Nesse sentido, propomos pesquisar o Instituto Unibanco, à medida que sua atividade consiste na produção e difusão de conhecimento sobre os rumos nacionais e globais da educação escolar e seus impactos em outros núcleos temáticos, o que agencia em coalizão com diferentes organizações empresariais, grupos de experts, jornalistas, mandatários políticos e quadros da alta burocracia estatal. Diante dessa atuação multidimensional, porque voltada a diferentes audiências e constituída por um corpo diverso de porta-vozes, temos como objetivos caracterizar os agentes e instituições que dão corpo às intervenções do Instituto Unibanco e indagar sobre as operações interpretativas encampadas nas críticas e justificações desses agentes em diferentes controvérsias e nos bens simbólicos produzidos. Assim, temos como hipótese de que ocorre uma inflexão na atividade dos institutos e fundações em face do universo educacional, caracterizada pela passagem da elaboração de projetos isolados para a participação propositiva na luta simbólica em definir os componentes das políticas educacionais. A partir da Sociologia Crítica de P. Bourdieu e da Sociologia da Crítica de L. Boltanski, visamos contribuir aos debates atuais sobre as rearticulações entre Estado e políticas públicas. A metodologia, enfim, consiste na reconstrução das trajetórias sociais dos agentes pertinentes e na codificação do corpus de documentos produzido por eles.