A partir da premissa de Leontiev, de que a constituição da consciência é social e histórica, estabelecemos a hipótese que a formação da classe trabalhadora na escola pública capitalista visa à produção da consciência cindida, alienada, em que a conformação do significado social e o sentido da produção serve à produção de sujeitos adaptados ao capitalismo neoliberal. Problematizamos se o professor tem sido convocado a atuar na produção de consciências cindidas, subordinado à atuação profissional heterônoma, enfrentando as consequências de políticas educacionais do estado burguês. Estudamos a legislação sobre a atuação profissional e realizamos entrevistas de sete professores de escolas públicas de Nápoles, que são objeto deste texto. Objetivamos discutir se eles são convocados a se tornarem intelectuais orgânicos do Estado burguês mediadores da formação de um perfil de cidadão. Produzimos dados sobre: condições de trabalho, remuneração, jornada, dificuldades na escola e relações com o Estado, à luz do materialismo histórico e dialético. Identificamos que o aparelho de Estado burguês lhes impõe a participação de um processo educativo escolar para o controle estatal da formação da consciência da classe trabalhadora, no que tange ao que, como e quanto ensinar; e os professores se percebem, com resistências e resiliências, sendo convocados a atuar no processo de produção de consciências cindidas na escola, subordinado a uma determinada forma de atuação profissional, mas apreendem, explicitam e reagem as injunções, tomam consciência de tais relações determinados por realidades imediatas diversas, submetidos à determinações específicas, dadas pelas circunstâncias regionais, políticas, econômicas e sociais e jurídicas peculiares.