Objetiva-se com esse trabalho apresentar os fundamentos do conhecimento científico- espiritual produzidos pelo Espiritismo Racional (ou Racionalismo Cristão) através da sua relação com as ciências ditas materialistas: Biologia, Física e Medicina. Tal relação, direciona sua prática para à compreensão do sentido da vida, da evolução espiritual e até do funcionamento da sociedade. A doutrina, baseando-se em algumas concepções de tais ciências, teve o seu surgimento na cidade de Santos/SP e foi codificada por Luiz de Mattos entre 1910, ano da fundação da doutrina, e 1914, quando ele começou a discordar de certos princípios que estavam sendo praticados pelo espiritismo kardecista. Nesse sentido, o Espiritismo Racional defende que o Universo (assentado pela ideia de evolução) é composto, somente, por Força (princípio inteligente, imaterial, ativo e transformador) e Matéria (elemento passivo e amoldável). Além disso, o Espiritismo Racional defende um estatuto científico que incorpora todo o éthos necessário para a produção de conhecimento, a saber: visa um fim; estuda a ordem dos fatos; emprega métodos, processos e instrumentos exclusivamente seus; cria teorias; estatui princípios; estabelece leis. No entanto, partimos da hipótese que o Espiritismo Racional, quando aciona algumas concepções das ditas ciências materialistas, parece usá-las no limite necessário para legitimar o conhecimento produzido, não exercendo qualquer revisão ou percepção das mudanças que o conhecimento, especialmente nessas áreas, obteve ao longo da história até os dias de hoje. Por fim, outra questão a ser problematizada é a própria concepção de ciência defendida pela doutrina que, segundo nosso referencial investigativo, parece ser rígida e estanque.