Uma das grandezas de Mariátegui – e razão de sua contemporaneidade – é sua capacidade de pensar o “Sul” sem dispensar a articulação o “Norte”, ou seja, superar a dilemática oposição entre eurocentrismo e excepcionalismo que atravessa a história do pensamento social de Nuestra América. Se esta perspectiva fica clara na proposição do socialismo indo-americano, ela também se expressa na forma como o autor apresenta as “reivindicações feministas”. Na trajetória do periodista a referência à emancipação das mulheres é marcada por uma radical mudança: os escritos da chamada “Idade da Pedra” e os da fase madura. Além da interlocução efetiva com mulheres de seu contexto, o “Amauta” publicou muitas obras de mulheres nas revistas que editou, além de referências diretas a estas colegas em artigos seus publicados em diversos periódicos. Mas Mariátegui não apenas reconheceu as mulheres como autoras e como interlocutoras: também refletiu sobre os movimentos de mulheres seu tempo em artigos diretamente relacionados ao tema. Assim, nesta comunicação, pretendemos refletir sobre como Mariátegui coloca a questão do feminismo em seu contexto, e quais as influências do período de “formação ideológica” vivido na Europa sobre as mudanças de posição referentes às mulheres. O artigo tem por base pesquisa documental, tendo como fontes a Revista Clarté, da qual era leitor, e a obra “Mariátegui Total”, na qual estão artigos de sua própria autoria publicados em revistas e outros documentos. Conclui-se que o "exílio" na Europa foi decisivo na mudança de posição de Mariátegui no que se refere a esta questão.