Essa comunicação sistematiza investigação a respeito do legado teórico de Ruy Mauro Marini (1932-1997) para as ciências sociais contemporâneas e, em particular, para a teoria social latino-americana. Em uma quadra histórica na qual as condições de vida e trabalho se deterioram no âmbito da chamada acumulação flexível do capital, após as crises mundiais no sistema capitalista da década de 1970 e, em seguida, de 2008, algumas concepções que foram elaboradas originalmente a partir da reflexão a respeito das formações sociais latino-americanas no século XX têm influenciado novas releituras em diversos centros de pesquisa sociológica no mundo. Dentre essas, em especial, algumas teses formuladas por Ruy Mauro Marini. Nesse sentido, analiso: 1) a démarche analítica do autor, a partir de Marx, frisando sua leitura da crítica da economia política epistemologicamente atenta e rigorosa no que se refere à esfera da circulação no modo de produção capitalista; 2) as implicações da mesma para a compreensão das especificidades das formações latino-americanas e da dependência, assim como para a compreensão da divisão internacional do trabalho pós-"globalização"; 3) as implicações dessa démarche para uma compreensão teórica não-eurocêntrica das transformações recentes no mundo do trabalho e da condição proletária que advém dessas transformações. Em conclusão, apresento algumas considerações sobre a crítica de Marini às ideologias latino-americanas do desenvolvimento e a possíveis desdobramentos mundiais da mesma face ao processo histórico ocorrido nas últimas décadas.