O texto tem dois objetivos principais: discutir a relação entre segregação socioespacial e gentrificação e as principais manifestações da gentrificação no contexto de algumas grandes cidades da AL. Em meados do século passado a migração campo cidade resultou em um intenso processo de urbanização e na formação de extensas periferias, configurando um modelo de segregação denominado de centro-periferia. Os grupos de mais alta renda residiam nas áreas centrais bem equipadas e os mais pobres nas periferias precárias. Passado mais de meio século, esse padrão de estrutura socioespacial sofreu várias transformações. A migração campo cidade foi substituída por movimentos mais curtos, dentro da área metropolitana e/ou dentro de uma mesma cidade, transformando antigas fronteiras e criando outras. A formação dos condomínios fechados e a emergência dos espaços gentrificados são resultados dessas novas mobilidades intraurbanas. Compreendida como uma manifestação da segregação socioespacial, a gentrificação define-se como a entrada em um determinado território de um grupo social com status superior ao que ali reside, provocando a expulsão desses últimos. Se em um primeiro momento verifica-se uma maior heterogeneidade social, com o passar dos anos predominará a homogeneidade, ou seja, a maior segregação. Discutir a relação entre segregação e gentrificação é um dos objetivos deste artigo. O segundo é explorar as principais formas de manifestação da gentrificação em algumas grandes cidades da AL, tais como: a forte presença do Estado, a gentrificação simbólica, turística e comercial dos centros históricos e a gentrificação por novas construções em bairros das áreas centrais.