A Maternidade Pro-Matre, criada em 1918 na cidade do Rio de Janeiro, então capital do Brasil, é considerada um marco no que tange às mudanças no atendimento à saúde materno-infantil. Direcionada a mulheres da classe trabalhadora na região portuária do Rio de Janeiro, seu projeto foi engendrado por mulheres filantropas e sufragistas da elite carioca e pelo médico Fernando Magalhães. Aqui a filantropia, o feminismo e a medicina higiênica se conjugam em um fenômeno permeado pelas alianças feitas entre os grupos da elite em uma conjuntura de modernização e civilização do Brasil-nação. Ao estudarmos a história dessas mulheres que frequentavam as altas rodas da sociedade carioca somos capazes de compreender a História a partir de diferentes espectros e amplitudes. Elas, ao se reunirem e organizarem ações coletivas, mesmo quando o faziam representando um moralismo classista, forjaram espaços dialógicos que ultrapassaram os limites dos salões requintados onde ocorriam as reuniões. Nosso trabalho trata das mulheres que fundaram a Pro-Matre, as quais se vinculavam a outras associações femininas e ao movimento feminista sufragista comandado por Bertha Lutz. Também discutimos acerca das “maternidades” e suas diferentes expressões, alinhando essa nova composição do “materno” ao ideal da “nova mulher” construída a partir do ideal burguês. Finalmente, abordaremos as alianças entre mulheres, políticos e associações filantrópicas e dos diferentes papeis a serem ocupados por mulheres das classes altas e das classes subalternizadas.