O presente artigo tem como proposta elucidar as dinâmicas de viés mercadológico nas representações de masculinidade do aplicativo de encontro LGBTQ Grindr. Para tal, propomos uma análise a partir da criação de um banco de dados experimental com o objetivo de apreender novos sentidos nas relações estabelecidas entre diferentes indivíduos e corpos nas autorrepresentações compartilhadas pelos usuários da ferramenta. Partimos do pressuposto de que essas relações estão subordinadas a uma complexa atribuição de valores, uma economia do desejo, que circunscreve as relações íntimas e afetivas dos usuários a uma lógica de consumo comprometida com as demandas neoliberais às quais sites e aplicativos de redes sociais comerciais se alinham. Propomos a coleta, sistematização e cruzamento de dados referentes a 120 perfis de usuários do Grindr na cidade do Recife. A partir dos campos de preenchimento previstos pela ferramenta (descrição, foto, estatísticas, etc.), criamos três categorias analíticas visando a compreender a distribuição valorativa de uma economia do desejo homoerótico masculino: preferência, aversão e atributos de si. Objetivamos confrontar nossos pressupostos e tendências orientadas empiricamente ao conceito de economia das trocas simbólicas de Bourdieu (2007), bem como à relação estabelecida entre as redes sociais e as práticas sociais, a tecnologia e a economia global (Castells, 2010; Van Dijck, 2016).