O presente artigo tem por proposta debater o uso do tempo das mulheres beneficiárias do Programa Bolsa Família-PBF nos cuidados doméstico-familiares. Em nossas últimas pesquisas sobre uso do tempo, mais uma vez constatamos a carga excessiva de trabalho não pago executado pelas mulheres, em situação de extrema pobreza, na esfera doméstico-familiar e como isso pode ser agravado por fatores como: a responsabilização das mulheres no cumprimento das condicionalidades em programas de transferência de renda; a desresponsabilização do Estado que cobra as condicionalidades mas não viabiliza direitos básicos de educação, saúde e assistência pautados pela universalidade da proteção e qualidade dos serviços; a penalização das mulheres e seus filhos com o corte do benefício. Nossas reflexões têm como fonte principal a pesquisa “As condicionalidades do Programa Bolsa Família e uso do tempo das mulheres no trabalho doméstico familiar realizada entre 2013 e 2016”, realizada em quatro municípios do Estado do Paraná-BR de médio e grande porte. Para a coleta de dados foram aplicados questionários a 130 mulheres e realizados 2 grupos focais. Tendo como base metodológica a teoria crítica na perspectiva feminista, elegemos como categorias teóricas principais: economia feminista, reprodução social e divisão sexual do trabalho, cuidados e uso do tempo.