¿No posee una cuenta?
O debate sobre bem comum e bem público no movimento altermundialista
Santiane Arias.
XXXI Congreso de la Asociación Latinoamericana de Sociología. Asociación Latinoamericana de Sociología, Montevideo, 2017.

Resumen
Ao longo das minhas pesquisas no doutorado e pós-doutorado, uma questão não suficientemente explorada me pareceu importante. O debate em torno do que é bem público e bem comum mobilizou os intelectuais da Associação pela Taxação das Transações Financeiras em Auxílio aos Cidadãos, tornando-se, em determinado momento, o eixo do seu programa político. A questão atravessou outras organizações altermundialistas, sendo, por exemplo, o tema de três mesas no seminário internacional do Fórum Social Mundial (2010), em Porto Alegre. De acordo com François Lille, bem comum é o que deveria pertencer a todos no presente e no futuro; bem público é aquilo a que todos deveriam ter direito, aqui e a agora; enquanto serviço público refere-se à forma de gestão e distribuição desses bens. A definição, contudo, não é a-histórica; cada civilização, cada grupo social estabelece o que lhe é caro. Na ATTAC setores como a educação, a saúde e a comunicação estão sempre entre os bens considerados públicos. Essa caracterização demarca para os attacantes o que deve ser “estatizado” ou “socializado”; e nesse ponto encontramos relações consideráveis entre o perfil médio do militante e o programa político da associação, o que permite redimensionar o seu lema O mundo não é uma mercadoria! Pois, menos que o fim da lógica de mercado per se, o cerne da sua crítica está na extensão dessa lógica a alguns domínios antes preservados. De origem francesa, a ATTAC teve participação decisiva na concepção do Fórum Social Mundial. Com efeito, a associação ultrapassou a fronteira do país de origem; por outro lado, permaneceu enquanto um movimento massivo um fenômeno europeu – com atuação destacada em países com estrutura de bem-estar densa. Segundo Emmanuel Brillet, a noção francesa de serviço público integra elementos sociais, políticos e econômicos, indicando não apenas um leque de bens oferecidos gratuitamente, mas uma forma específica de geri-los. Existe aqui uma identificação entre interesse público e poder público, conferindo à produção e condução de determinados bens exclusivamente ao Estado – aspecto que agrega outras noções como a de Estado-empreendedor/regulador e monopólio estatal. Segundo Gustave Massiah, o altermundialismo nasceu da oposição ao neoliberalismo. É importante entender a qualidade dessa oposição. Pesquisas indicam que parte considerável da militância altermundialista possui alto grau de escolaridade. Em geral assalariados dos serviços, assemelham-se ao que Jacques Bidet denominou de competentes do setor público. Em 2005, a Aliança de Editores Independentes, mantida pela Fundação Charles Léopold Mayer e pela Fundação Ford, enviou ao Fórum Social Mundial onze redatores para recolher as proposições dos espaços temáticos. Entre elas destaca-se a questão dos saberes. Proponho aqui analisar o debate sobre bem comum e bem público no movimento altermundialista, buscando entender como essas noções foram resgatadas numa determinada forma de oposição ao neoliberalismo.
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