O presente trabalho discute a performance de rua Maiêutica da artista Raquel Mützenberg, enquanto uma metáfora decolonial do corpo feminino. Ao refletir sobre a construção do espaço da cidade e a produção de subjetividades que se diluem transformando-o em lugar, as micropolíticas urbanas surgem para pensar sobre as relações poder/saber, e possivelmente gerar uma ruptura decolonial. A arte no cenário urbano é potencializadora do conhecimento da cidade a partir do sensível (Thibaud, 2012) pois o encontro das artes cênicas com o espaço urbano permite outras compreensões da realidade (Mignolo, 2003). Na rua são possíveis encontros e discursos que desvirtuam saberes hegemônicos, o que sugere a criação da própria cidade, processo que é pensado aqui a partir da corpografia urbana (Jacques; Britto, 2008) enquanto uma micro-resistência, que se dá quando um corpo experimenta um espaço urbano não espetacular. Maiêutica como produção cênica da rua torna possível encontros sensoriais para pensar na arte desde a aesthesis decolonial (Mignolo, 2010), mas também na relação mulher/espaço, considerando a antropologia da experiência (Turner,1985).