¿No posee una cuenta?
Deslocamentos Sensíveis: reflexões sobre o entrelaçamento das formas de mobilidade, os corpos e as emoções no mundo contemporâneo – o caso das migrações em condição de irregularidade
Dimitri Fazito y Weber Soares.
XXXI Congreso de la Asociación Latinoamericana de Sociología. Asociación Latinoamericana de Sociología, Montevideo, 2017.

Resumen
Procuramos neste trabalho relacionar sociologicamente a mobilidade e a produção social das emoções e afetos no mundo contemporâneo. Relembrando com Abdelmalek Sayad, o ato de se deslocar no espaço físico implica o fato social total do deslocamento também no espaço social, garantindo interação simbiótica, embora muitas vezes assimétrica, entre as corporeidades individuais e coletivas e o processo de ocupação e delimitação do território nas paisagens naturais e transformadas. Assim, qualquer “projeto migratório” coloca numa perspectiva singular os processos constitutivos dos corpos em suas experiências cotidianas de interação com a natureza e sociedade. Desde o princípio dos tempos históricos, as migrações estiveram presentes em certo sentido como projetos coletivos de emancipação e ampliação da comunidade moral – o evento do contato intercultural permite a ampliação do campo das intersubjetividades e, consequentemente, das experiências vividas pelos sujeitos na luta por reconhecimento. Pode-se identificar também nas migrações uma sociogênese reguladora dos corpos, emoções e afetos cotidianos que se estabelecem e se vinculam durante o longo processo civilizador das sociedades, pois os deslocamentos enfeixados em um “projeto migratório” colocam em interação diversas fontes individuais e coletivas de produção das sensibilidades, enraizadas também num território em movimento e, portanto, indefinido e em constante transformação. O âmbito dos “projetos migratórios”, dos deslocamentos, coloca em perspectiva os mecanismos da luta por reconhecimento nas interações intersubjetivas e que resultam na elaboração identitária. Num mundo contemporâneo marcado por relações líquidas, forte individualização e ainda intensa e veloz compressão espaço-temporal, os deslocamentos parecem ganhar novos contornos junto à produção das sensibilidades. Pode-se perguntar como as formas atualizadas de mobilidade neste mundo globalizado atuam no sentido de produzir novas emoções e afetos, bem como quais suas consequências para o constrangimento dos corpos individuais e coletivos no processo de emancipação. Se as angústias associadas ou inscritas nos corpos migram e se transformam com as experiências humanas do estranho, poderão elas propiciar novos eventos de humilhação e superação capazes de transformar as próprias emoções dos sujeitos e suas realizações? Isto é, em que medida as novas formas de mobilidade no mundo contemporâneo abrem espaço para novas sensibilidades e experiências vitais emancipatórias? Noutra perspectiva, em que medida as angústias e conflitos intersubjetivos da modernidade líquida se inserem e reorientam os “projetos migratórios”, tipificando-os segundo graus diferenciados de violência física e simbólica (transmigração, deslocamentos forçados, refugiados, ilegais)? Propomos elaborar neste trabalho um quadro narrativo sobre os sofrimentos (experiências corporais e mentais) e sensibilidades experienciadas pelas pessoas em movimento (especialmente aqueles migrantes em situação de vulnerabilidade extrema, dada sua condição de irregularidade) nos seus projetos migratórios contemporâneos, relacionando-os na perspectiva de uma sociologia relacional crítica sobre a emancipação, na qual os corpos e emoções se apresentam como categorias analíticas fundamentais.
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