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Ações afirmativas na universidade pública brasileira: resistência epistêmica e descolonização da linguagem
Tânia Ferreira Rezende.
XXXI Congreso de la Asociación Latinoamericana de Sociología. Asociación Latinoamericana de Sociología, Montevideo, 2017.

Resumen
Com as políticas de ações afirmativas, sobretudo com o sistema de cotas para ingresso no ensino superior, e com o REUNI (Reestruturação e Expansão das Universidades Federais), as universidades federais brasileiras passaram a conviver, de fato, com a diversidade. A complexidade das relações socioculturais (gênero, raça, etnia, origem social e outras), marcada por relações de poder, promoveu nas universidades o confronto entre as diferenças e o acirramento das assimetrias sociais e culturais. Nesse confronto, ocorre a prefiguração identitária (PINTO, 2013) do estudante da escola pública, cotista ou não, como um estudante com defasagem escolar. Por defasagem escolar são entendidos, de maneira geral, a falta dos conteúdos ensinados na educação básica e o pouco domínio do padrão “culto” escrito do português brasileiro. A prefiguração identitária do estudante da escola pública leva, por sua vez, à discursivização do prejuízo que esse estudante acarreta para a qualidade do ensino na universidade. Nesta discussão, propõe-se problematizar a noção de defasagem escolar, no que se refere ao domínio do padrão “culto” escrito do português brasileiro por estudantes oriundos da escola pública, em formação na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás. Para tanto, pretende-se mostrar, por meio de dados já divulgados, complementados por estudo de caso, os resultados do desempenho dos estudantes oriundos da escola pública; apresentar os resultados da análise da escrita do padrão culto escrito do português brasileiro, incluindo a escrita no gênero acadêmico, considerando os critérios e os parâmetros de exigência de escrita da universidade; e, por fim, apresentar o resultado do estudo sobre a atitude sociolinguística dos estudantes oriundos da escola pública em relação ao português brasileiro, à disciplina língua portuguesa, na educação básica e na universidade. Os resultados do estudo realizado me permitem defender que os estudantes oriundos da escola pública não apresentam defasagem linguística, e que o que se rotula de defasagem, em geral, é, de fato, resistência a ações de colonialidade (QUIJANO, 2005; 2010; 2014; DUSSEL, 2005; 2010), nesse caso, especificamente, de colonialidade linguística, e resistência às ações e aos projetos escolares de epistemicídio (SANTOS; NUNES; MENESES, 2007; SANTOS, 2010) e de linguicídio. A herança desse processo é uma auto desvalia (PAULO FREIRE, 1967) sociolinguística e uma profunda linguofobia (REZENDE, 2015).
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