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Antônio Conselheiro e João Abade: a teoria do estado e Canudos
Rodrigo Guimarães Motta.
XXXI Congreso de la Asociación Latinoamericana de Sociología. Asociación Latinoamericana de Sociología, Montevideo, 2017.
Resumen
Este é um estudo qualitativo, feito a partir de revisão bibliográfica, que analisa as características da cidade de Canudos, a partir das teorias de estado desenvolvidas por Aristóteles, Thomas Hobbes e Platão. Para contextualizar o estudo, deve-se dizer que Canudos foi uma cidade fundada no século XIX por um beato, Antônio Conselheiro e defendida pelo seu comandante militar, João Abade. Cresceu e prosperou durante poucos anos, até que uma guerra de extermínio empreendida pelo estado brasileiro contra a cidade a destruiu. Segundo a teoria clássica de estado, escrita por Aristóteles, a primeira comunidade natural é a família. A união dessas famílias forma as cidades. E as cidades, segundo este pensador são locais auto-suficientes onde a vida é boa. Aplicando estes conceitos a Canudos, percebe-se que a cidade foi fundada pelas famílias, que seguiram Antônio pelo sertão. Quando souberam do acontecido, milhares de outras famílias migraram para Canudos. Com uma espécie de proto-comunismo implementado por Antônio, que assegurava o mínimo essencial para que todos sobrevivessem, e com sua segurança assegurada pelos cangaceiros convertidos comandados por João Abade, Canudos foi efetivamente muito mais auto-suficiente e seus cidadãos mais satisfeitos com a vida que tinham que as demais cidades da região. Já a teoria jusnaturalista, cujo principal pensador é Thomas Hobbes, dizia que no princípio o homem é livre e vive no estado da natureza. Pode então ambicionar e tentar se apropriar do que pertence ao outro. É um estado de guerra permanente. O homem, que tem medo de morrer, almeja a uma vida confortável e sabe que é possuidor de razão, faz então um pacto social com os demais, pelo qual transfere o direito de preservar sua própria vida ao estado. Os sertanejos brasileiros, assolados pela fome e pela seca, além da violência dos coronéis e cangaceiros viviam próximos de um estado da natureza. Sua ida a Canudos e sua adesão ao séquito conselheirista proporcionou a eles segurança, alimento e residência, oferecidos através do compartilhamento da produção, de bens e da força de trabalho e uma razão para tudo isso, através da religião pregada por Antônio. Finalmente, a teoria idealista de Platão relata que existem formas ideais de governo e para cada uma destas, uma forma corrompida. Na visão do Conselheiro, a forma ideal do governo era a monarquia e sua visão deturpada era a recém-instaurada república, que cobrava impostos, permitia o casamento civil, uma série de práticas mal-vistas por Antônio. Essa visão era antagônica com o que estava acontecendo no Brasil, e a tensão entre o modelo concebido pelo Conselheiro e a realidade brasileira escalou até um ponto em que houve a guerra que destruiu por completo Canudos.
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