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Trabalhadores e responsáveis pelo progresso... ou agentes político-sociais e formadores de redes¿ Leituras e visões sobre a imigração no Brasil
Marcos Antônio Witt.
XIV Jornadas Interescuelas/Departamentos de Historia. Departamento de Historia de la Facultad de Filosofía y Letras. Universidad Nacional de Cuyo, Mendoza, 2013.
Resumen
O presente texto tem como objetivo analisar a participação política de imigrantes e seus descendentes. Chegados ao Brasil a partir de 1824, imigrantes alemães prontamente passaram a disputar espaço político-social com grupos que já estavam estabelecidos no país recém independente. Parte da historiografia brasileira negou a efetiva participação destes agentes históricos no campo da política; este conjunto de historiadores – acadêmicos e não-acadêmicos – buscou explorar determinadas qualidades dos imigrantes, como o trabalho, o progresso e um certo distanciamento em relação aos conflitos. Visão contrária e discordante tem sido produzida através das novas pesquisas executadas no âmbito dos Programas de Pós-Graduação em História – PPGH -, sobretudo a partir da década de 1990, as quais têm procurado relativizar a afirmação de que os imigrantes e seus descendentes compuseram um grupo homogêneo, apolítico, ordeiro, pacífico e responsável unicamente pelo progresso e desenvolvimento do Sul do Brasil. Trabalhos como o de Marcos Justo Tramontini abriram novas fronteiras para o campo da pesquisa e dos estudos relacionados à imigração, uma vez que Tramontini propôs uma nova leitura para os conflitos vivenciados pelos imigrantes e seus descendentes. Para este historiador, os conflitos podem ser lidos como tentativa de inserção social. Para vencer as barreiras impostas pela legislação, burocracia e cidadania restritiva, imigrantes e seus descendentes criaram novos vínculos e estabeleceram redes sociais com o objetivo de disputar e conquistar espaço político-social na sociedade brasileira. Neste sentido, o presente texto pretende discutir como imigrantes e seus descendentes passaram a disputar espaço político-social. Cabe salientar que esta disputa teve início no exato momento em que pisaram o solo americano. Isto significa dizer que não houve isolamento social e nem geográfico; como agentes históricos que estavam tentando se inserir em um espaço desconhecido – que seria definitivo, pois poucos retornariam às regiões que formariam a Alemanha – de imediato perceberam as regras que estavam postas pela sociedade hospedeira. Com isto, quer-se desconstruir a tese do isolamento, a qual afirma que imigrantes e descendentes mantiveram-se isolados do mundo que os cercava. Como homens e mulheres submissos e agradecidos ao Império brasileiro pela nova oportunidade de vida, eles teriam se fixado unicamente no trabalho e garantido o progresso da região onde estavam assentados. Este visão é por demais romântica e não encontra respaldo na documentação e nova historiografia acerca da imigração no Brasil.
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