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Uma arte engajada: Ariano Suassuna, cultura e política
Helder Canal de Oliveira.
XXXI Congreso de la Asociación Latinoamericana de Sociología. Asociación Latinoamericana de Sociología, Montevideo, 2017.
Resumen
Uma das grandes questões que permeia o debate sociocultural no Brasil é o caráter imitativo do país. Autores do final do século XIX e início do XX, como Euclides da Cunha e Sílvio Romero, consideram que este caráter é um problema para o desenvolvimento da nação brasileira. Estes autores igualam o desenvolvimento econômico e tecnocientífico à cultura. Para eles, a cultura brasileira é tão atrasada quanto a economia, pois ela imita outras culturas, principalmente as europeias. Esse caráter imitativo do brasileiro deve-se à falta de definição das raças que compõe o cenário étnico-racial do Brasil. Em outras palavras, para esses primeiros autores, a miscigenação étnico-racial brasileira não permitiria que o país se desenvolvesse de maneira independente, pois nesse amálgama haveria a preponderância dos caracteres “ruins” aos “bons”, o que proporcionaria uma raça degenerada. Por esses motivos, muitos intelectuais desse período defenderam a política de branqueamento no Brasil, como pode ser vista nas políticas de imigração europeia adotadas pelo Estado brasileiro. De modo diferente, muitos autores modernos, principalmente pós-1922, não compartilham esta perspectiva. Os modernos, como Ariano Suassuna, consideram possível observar esse caráter imitativo em uma parte da história do Brasil, mas isso não significa atraso cultural, uma vez que há a separação entre cultura, de um lado, e desenvolvimento econômico e tecnocientífico, de outro. Ao contrário, buscam valorizar as culturas brasileiras, inclusive como um meio de resistência político-cultural às imposições de modelos abstratos, a-históricos e estanques. O que os autores da passagem do século XIX para o XX viam como o grande problema do atraso brasileiro, autores pós-1922 viam como umas das principais características do Brasil. Se antes a miscigenação era o grande problema que entravava o desenvolvimento do país, agora, com esses outros autores, é o que proporciona a grande singularidade. Veem, assim, na miscigenação um ponto de engrandecimento do país, pois não haveria rejeição, a princípio, de influências externas, mas sim um rearranjo dessas matrizes de acordo com as possibilidades específicas da nação. Seria o que Oswald de Andrade chama de antropofagia, ou seja, há a deglutição de matrizes culturais estrangeiras que são regurgitadas de maneiras novas, singulares, regeneradas, sem estarem compartimentadas em caixinhas intransponíveis. Desse ponto de vista, haveria a crítica a esses compartimentos estanques e intransponíveis, inclusive a dualidade do pensamento racional ocidental. Destarte, este trabalho mostrará o debate em torno desse caráter imitativo no Brasil. Para tanto, serão comparados os pensamentos de Euclides da Cunha, Sílvio Romero e Ariano Suassuna, três intelectuais de grande importância para o desenvolvimento do pensamento sociocultural brasileiro. Além disso, pretende-se fazer a crítica a modelos abstratos, a-históricos e estanques que são vistos como verdades e não como um esquema teórico.
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