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A ocupação como prática organizacional do movimento estudantil e seu cotidiano em uma unidade universitária no Brasil
Luiza Araujo Damboriarena, André Dias Mortari y Fabiano Milano Fritzen.
XXXI Congreso de la Asociación Latinoamericana de Sociología. Asociación Latinoamericana de Sociología, Montevideo, 2017.
Resumen
O final de 2016 foi marcado, no Brasil, por intensas mobilizações em oposição a projetos do governo Temer de congelar os gastos em saúde e educação por 20 anos, (PEC 55) e de reformar a estrutura curricular do ensino médio (MP 746), com a restrição da oferta das disciplinas de filosofia e sociologia e a exclusão do espanhol, além de permitir professores sem formação docente nos cursos técnicos. Ambas as propostas terminaram sendo aprovadas pelo Senado. As mobilizações incluíram greves dos técnicos-administrativos e dos docentes na quase totalidade das universidades e institutos tecnológicos federais. O movimento estudantil se expressou pela ocupação de cerca de 200 instituições de ensino superior, além de cerca de 1.000 escolas secundárias. Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) foram ocupadas 38 unidades (a mais longa durou 54 dias). O foco do artigo é a ocupação de uma destas unidades (congrega dois cursos de graduação e um de pós-graduação), que durou 31 dias. Nesse período, o prédio foi fechado, as atividades de ensino e administrativas foram suspensas, enquanto isso, ações político-culturais eram desenvolvidas, tais como debates, aulas públicas na calçada do prédio, festa para crianças (‘ocupinha’). Ademais, assim como em outras unidades, foi forjada uma importante colaboração entre estudantes e trabalhadores terceirizados. Fora do portão e nas redes sociais, palavras de ódio eram proferidas, alunos e professores questionavam a legitimidade da ocupação e reivindicavam seu direito individual de ir e vir. A ocupação rompeu com a neutralidade daqueles que se esquivavam do embate político. As contradições foram explicitadas, a normalidade rompida, o cotidiano colocado em suspenso. Nesse sentido, a ocupação pode ser interpretada a partir do que Lefebvre (2014) chama de momento: uma escolha, com certa duração, que se destaca e se separa da ambiguidade inerente ao cotidiano. O momento tem sua memória, seu conteúdo, sua forma, e se torna um absoluto ao propor um impossível-possível. No momento ocorre a radical descontinuidade, a pura e absoluta contestação. Entretanto, os momentos só são possíveis em determinadas circunstâncias e por um tempo limitado, dado que a força ordenadora do cotidiano se impõe novamente. Este trabalho tem como objetivo dar visibilidade às práticas organizacionais do movimento estudantil das ocupações na UFRGS, com foco em uma de suas unidades. As informações foram coletadas através de observação participante e complementadas com dados secundários. Além disto, defendemos a relevância para o estudo de movimentos sociais das proposições de Henri Lefebvre sobre a vida cotidiana e a irrupção de eventos/momentos como crítica da repetição monótona de condicionamentos reprodutores da ordem. LEFEBVRE, Henri. Critique of daily life. London: Verso, 2014.
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