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Ditadura em imagem e som: tensões e embates da memória social renovados em filmes recentes
Caroline Gomes Leme.
XXXI Congreso de la Asociación Latinoamericana de Sociología. Asociación Latinoamericana de Sociología, Montevideo, 2017.
Resumen
Esta comunicação se propõe a dar continuidade ao inventário realizado pela autora acerca dos filmes brasileiros que tratam do regime militar (Leme, 2013), analisando a safra de filmes lançados sobre o tema na última década. Defende-se que esses filmes apresentam significativas diferenças em relação ao quadro geral dos filmes lançados na década de 1990 e início dos anos 2000 e por vezes retomam elementos esboçados em filmes da década de 1980. A repressão ditatorial sobre as classes populares, ausente das telas desde Cabra marcado para morrer (Eduardo Coutinho, 1984), ressurge em Perdão, Mister Fiel (Jorge Oliveira, 2010); Camponeses do Araguaia (Vandré Fernandes, 2010) e Família Carvalho – retrato da resistência operária contra a ditadura (Televisão dos Trabalhadores, TVT, 2013). O debate sobre o contexto e os atores nacionais e internacionais do golpe civil-militar de 1964 é retomado em Dossiê Jango (Paulo Henrique Fontenelle, 2013), O dia que durou 21 anos (Camilo Galli Tavares, 2013), Reis e ratos (Mauro Lima, 2012), além do já citado Perdão, Mister Fiel. Personagens de direita e apoiadores do regime militar, ausentes durante muitos anos das telas, reaparecem em filmes como Cara ou coroa (Ugo Giorgetti, 2012). Na contramão das reconstituições históricas que colocam em tela um passado encerrado e intocável, surgem filmes que trabalham no entrelaçamento dos tempos e lançam luz a questões não dirimidas histórica e subjetivamente, como Corpo (Rubens Rewald e Rossana Foglia, 2008), Diário de uma busca (Flávia Castro, 2010), Hoje (Tata Amaral, 2011) e A memória que me contam (Lúcia Murat, 2012). Surge ainda um documentário como Reparação (Daniel Moreno, 2010), abertamente anti-esquerdista, que trata do caso de Orlando Lovecchio que teve uma perna amputada por uma bomba em atentado praticado por uma organização de esquerda armada. Pautando-nos em Raymond Williams e Pierre Sorlin e considerando as amplas discussões sobre as relações entre História e Memória (Halbwachs, Le Goff, Pollack, Ricoeur, Sarlo), entendemos que as obras fílmicas inscrevem-se nas disputas seletivas e interpretativas da memória social, participando da constituição de um imaginário social em constante intercâmbio com o presente. Na análise panorâmica dessa produção recente retomamos conclusões decorrentes de nossa análise prévia da produção realizada nas décadas anteriores (1979-2009) e dialogamos com as hipóteses de Marcos Napolitano (2015) sobre uma periodização do processo de construção da memória do regime militar brasileiro. Esse autor propõe que a memória hegemônica, crítica ao regime militar, construiu-se na confluência de setores liberais com setores das esquerdas, conciliação que começa a se romper numa quarta fase (2003-2014) de revisionismos ideológicos e historiográficos, na qual ressurgem explicitamente discursos defensores do regime autoritário, processo que atinge seu ápice no contexto de deposição da presidente Dilma Roussef, ex-militante da esquerda armada que lutou contra a ditadura.
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