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O corpo rascunho:identidade e violência na experiência transexual
Manoel Messias Rodrigues Santos.
XXXI Congreso de la Asociación Latinoamericana de Sociología. Asociación Latinoamericana de Sociología, Montevideo, 2017.
Resumen
O corpo emerge como locus de materialidade do desejo. Ao ser feito e refeito pela sociedade, recebe marcas por meio das quais o sexo e as identidades de gênero vão se configurando e se reconfigurando. O corpo, então, torna-se um representante de si, fragmento de uma identidade manejável, fluida; mas que se torna afirmação de si, pois os discursos sobre o corpo conferem competências performáticas para que os papéis sociais sejam assumidos e desempenhados. Nesse sentido, o sexo é uma categoria integrante de uma prática regulatória que produz os corpos que governa, constituindo uma das normas pelas quais o ser humano tornar-se viável, “aquilo que qualifica um corpo para a vida no interior do domínio da inteligibilidade cultural” (BUTLER, 2002, p.155). As normas regulatórias que incidem sobre o sexo atuam de maneira performática para constituir a materialidade do corpo e, mais especificamente, “para materializar o sexo do corpo, para materializar a diferença sexual a serviço da consolidação do imperativo heterossexual” (BUTLER, 2002, p.154). Assim, pensar a experiência transexual é fazê-lo a partir de corpos pré-operados, pós-operados, hormonizados, depilados, retocados, siliconados, maquiados. Corpos inconclusos, desfeitos e refeitos, arquivos vivos de histórias de exclusão e violência. Corpos que embaralham as fronteiras entre o real e o fictício, entre o corpo-homem/mulher e o corpo-outro transgressor e abjeto e que denunciam, implícita e explicitamente, que as normas de gênero não conseguem um consenso absoluto na vida social. Em silêncio, as cicatrizes que marcam os corpos transexuais falam, gritam, desordenam a ordem naturalizada dos gêneros e questionam as supostas verdades e a pretensa realidade. Nessa perspectiva, o presente trabalho se debruça sobre os romances Stella Manhattan do brasileiro Silviano Santiago e Um lugar sem limite do chileno José Donoso, com o objetivo de analisar como a reinvenção do corpo permite configurar não só as relações entre corpo e identidade, mas também as dimensões da violência na experiência transexual. Manuela, protagonista do romance de Donoso, carrega uma multiplicidade de vozes. Uma travesti lançada na imaginária El Olivo, um lugar nenhum: sem eletricidade, cidade sem recursos, vendida ao interesse político, transformada em nada, um lugar onde as relações patriarcais dominam a estrutura social. Seu universo torna-se ainda mais angustiante com a chegada de um caminhoneiro casado e machão que se apaixona por ela e tenta negar seus sentimentos, agredindo o objeto de seu desejo com muita violência. Eduardo/Stella, centro da narrativa de Silviano Santiago, é um jovem homossexual brasileiro que, ao ter sua orientação sexual descoberta, é rejeitado pela família e enviado para Nova Iorque onde divide seu tempo entre o trabalho no consulado brasileiro e as atividades na noite nova-iorquina como a grande Stella. Nesse contexto, desenvolvem-se as relações de amor e amizade, bem como as lutas individuais e políticas que subjazem toda a narrativa.
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