É notável na contemporaneidade que a cultura e o patrimônio vêm assumindo posição relevantes nos debates sobre transformações e intervenções urbanas. Tornando-se ainda assuntos de cunho estratégicos ligados as atividades econômicas e desenvolvimento das cidades. Nesse contexto, assiste-se na cena mundial a implementação de grandes projetos (que demandam altíssimo investimento financeiro), visando a promoção de novas centralidades. Antigas áreas são alvo de intervenções que buscam alterar a imagem das cidades com o intuito de atrair investimentos e turistas. Alicerçados em uma possante campanha de marketing urbano, os projetos de revitalização vêm promovendo mutações físicas e funcionais. Essas alterações vêm sendo orquestradas com o intuito de promover novas sociabilidades advindas com a criação de novos espaços para o lazer e consumo cultural. São os grandes projetos (Rodrigues; Abramo, 2008) que amalgamam a restauração de imóveis antigos com a construção de novos prédios destinados a alteração das funções do espaço e a atração de novos usuários, moradores, consumidores etc. No rastro dessa candente tendência, observa-se, em uma perspectiva cada vez mais estreita, o conúbio entre as parcerias público e privado. Nesse novo limiar ampliar-se a compreensão empresarial da cultura e o delineamento de iniciativas voltadas para o patrimônio cultural. Ademais, para assumir o papel de destaque no plano regional ou internacional, as cidades devem atender os requisitos no que concerne a novos serviços e infraestrutura, como hotéis de luxo, museus, centros culturais entre outros itens que garantam a ascendência e visibilidade no cenário de forte competitividades entre as cidades. Observando essas transformações em duas cidades, o presente estudo, busca analisar os efeitos que os grandes projetos promovem, ao moldarem novas configurações e relações das pessoas (moradores, usuários etc.) com as áreas requalificadas. Tendo esses construtos como referências, o trabalho tem como objetivo apresentar o estudo comparativo entre as cidades de João Pessoa (Brasil), e Tours (França), destacando, assim, os grandes projetos (recentemente efetivados ou em curso) nos Centros Históricos das referidas cidades. Para a realização da pesquisa realizou-se uma ampla revisão bibliográfica em diversas Bibliotecas de Universidades e Instituições, coleta de dados em Arquivos e Órgãos Públicos, nos dois países. Além disso, a utilização de fotografias e entrevistas, também contribuiu sobremaneira para a elaboração do estudo. Assim, através da etnografia realizada nos Centros Históricos dos dois países, pode-se perceber, no tocante a esses aspectos, não apenas diferenças, como também, semelhança em um quadro analítico comparativo.