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Moralidade e práticas corporais de adeptos da “alimentação natural”: entre rupturas e (re)conexões
Luciana Campelo De Lira.
XXXI Congreso de la Asociación Latinoamericana de Sociología. Asociación Latinoamericana de Sociología, Montevideo, 2017.
Resumen
Práticas e representações ligadas a noções de risco e contaminação emergem historicamente a partir da relação entre corpo, comida e emoções. A formação de um estilo de vida cujas atividades cotidianas como transporte, comunicação, alimentação, etc. são cada vez mais dependentes da tecnologia e mais autônomos em relação aos limites impostos pelos meios naturais cooperam para uma percepção da vida a partir do seu deslocamento em relação à natureza. Como resposta a esse afastamento paulatino, diversas práticas têm sido acionadas por grupos ou movimentos na tentativa de operar uma reconexão com o natural a partir do corpo. O objetivo desse trabalho é apresentar os resultados provenientes de pesquisa etnográfica realizada com adeptos da alimentação vegan e crudívora, bem como de outras práticas corporais orientadas para processos de desintoxição e reconexão com a natureza, realizada na cidade do Recife. Para o grupo pesquisado, o alimento, supostamente corrompido pelo processo industrial, torna-se não apenas fonte de riscos à saúde dos sujeitos que o consomem, como uma ameaça a sua constituição moral, já que simboliza uma relação deturpadora do humano com o corpo e com a natureza, instrumentalizada pela ciência e pela tecnologia. A partir dessa perspectiva, consideram que essa contaminação e comprometimento da vida orgânica, emocional, mental, espiritual, moral podem ser revertidos a partir de diferentes medidas. Para livrar-se da toxicidade da vida moderna e preparar o corpo para ofertar o seu melhor e expressar um modelo de moralidade considerado superior ao modelo hegemônico busca-se encontrar nos alimentos uma saída restauradora e potencializadora para a vida. Os defensores da “alimentação natural”, ou seja, de uma dieta livre de carnes e derivados de animais, de produtos enlatados, alterados quimicamente ou geneticamente, conservados artificialmente, processados e embalados pela indústria de alimentos, procuram escapar das consequências desse consumo para o corpo, mente e espírito. Vemos aqui uma simbologia e moral alimentar que emerge como critica a um modelo de sociedade e a um modo de vida ancorado na ruptura com o mundo natural, com as emoções, com o outro, e da adesão a um modelo considerado original/ideal de uma moralidade interespecífica e planetária, que busca se constituir em contraposição ao modelo dicotômico natureza/cultura, mente/corpo, humanos/não-humanos, considerado fundante da cultura ocidental moderna. Por outro lado, na busca por romper com essas fronteiras historicamente estabelecidas, e de (re)estabelecer uma nova ordem integradora, o movimento também atua no sentido de reforçar as rupturas que critica.
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