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Trabalho doméstico, gênero e imigração: uma análise do trabalho das cuidadoras na Espanha
Thaysa Andréia De Miranda Rodrigues.
XXXI Congreso de la Asociación Latinoamericana de Sociología. Asociación Latinoamericana de Sociología, Montevideo, 2017.
Dirección estable:
https://www.aacademica.org/000-018/1871
Resumen
Os fluxos migratórios internacionais têm sofrido mudanças significativas ao longo das últimas décadas no que se refere às suas origens, causas e protagonistas. Nota-se que aumento do número de mulheres migrantes entre os países da América Latina e a Espanha tornou-se significativo a partir da década de 1990. Trata-se de uma imigração voltada principalmente para o mercado de trabalho no qual as mulheres migrantes, em sua maioria, se ocupam do trabalho doméstico e de cuidado de pessoas dependentes no país de destino. Nessa perspectiva, percebemos que a demanda por mão de obra feminina migrante encontra-se relacionada com a vinculação da mulher a determinados postos de trabalhos considerados tradicionalmente femininos, entre os quais se destacam o serviço doméstico e o cuidado de crianças e idosos. Especificamente no que tange ao processo de inserção da mulher migrante latino-americana no mercado laboral espanhol, verifica-se uma situação de desigualdade social em que são ocupadas as tarefas de reprodução para que a mulher nativa possa alcançar sua independência através do trabalho no espaço público, não havendo, portanto, uma mudança quanto à divisão sexual do trabalho, uma vez que as tarefas de reprodução social e de menor prestígio continuam relegadas somente às mulheres. Por outro lado, ao ocupar-se das tarefas de reprodução no país de destino, a mulher migrante encontra-se privada da possibilidade de cuidar de seus próprios filhos, o que pode trazer prejuízos em suas relações afetivas e de educação. A vinculação deste tipo de trabalho às mulheres é resultado da concepção de que as mesmas são as principais responsáveis pelo cuidado dos outros familiares, entendendo-o como parte de seus atributos ligados à feminilidade ou de características naturais. Trata-se de uma visão estereotipada que decorre das relações sociais de sexo, resultado da construção social da diferença sexual que determina diferentes modos de sentir e agir em espaços sociais determinados para homens e mulheres desde a infância. Sob esta perspectiva, as relações sociais de sexo encontram-se presentes nas formas de inserção da mulher tanto na esfera do lar como no mercado de trabalho. Como resultado da divisão sexual do trabalho, o trabalho doméstico realizado pelas mulheres migrantes encontra-se desvalorizado e precarizado se comparado aos demais trabalhos considerados masculinos. Assim, o presente estudo tem como objetivo traçar uma análise das relações que permeiam o trabalho doméstico realizado pelas mulheres que migram para a Espanha, cujas experiências encontram-se influenciadas pelas categorias de gênero, classe, raça ou nacionalidade, sob o ponto de vista de uma análise interseccional.
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