Raymond Williams (1921-1988) é um autor bastante lido e conhecido na América Latina. No Brasil, nos últimos quarenta anos, sua obra tem sido recepcionada e analisada por importantes intérpretes de cultura e sociedade, entretanto, a maior parte dos estudiosos do assunto não tem se dedicado aos seus escritos de juventude relacionados à produção de métodos de ensino de literatura e sociologia voltados para a educação de adultos, vista como uma alternativa a uma educação comum (democrática e participativa). Através de textos teórico-metodológicos e cursos práticos-pedagógicos, produzidos entre 1946 e 1961, a análise literária e crítica sociológica são combinadas para educar os trabalhadores que vivem os desafios e as crises do mundo pós-guerra: sociedade de massa; nova cultura comercial; ações democráticas lentas e desiguais; paternalismo; reorganização do mundo do trabalho etc. É uma realidade cultural em constante mudança, carente de crítica, compreensão e ação. Frente a isso, Williams reage elaborando novas formas de conhecimento refratadas em textos – como, “Abandoning the Lecture: Discussion Method for the Adult Literature Class” (1950) e “Some experiments in Literature Teaching” (1948) -, e alguns cursos - “Public Expression” e “Syllabus: Language and Society” – orientados para o ensino e aprendizagem de adultos que necessitam de novos conhecimentos para refletir de forma crítica a crise social em que vivem. Portanto, crítica e crise são palavras-chave decisivas para adentrarmos ao universo metodológico dos escritos de juventude de Williams voltados para educação de adultos, ela mesma uma alternativa a uma educação comum que possa servir para construir uma sociedade mais democrática e participativa no pós-guerra.